Sabino antecipa retorno a Brasília em meio a processo de expulsão do União Brasil
06/10/2025
(Foto: Reprodução) Celso Sabino e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante reunião Ministerial, no Palácio do Planalto em agosto de 2024
Ricardo Stuckert/PR
O ministro do Turismo, Celso Sabino, antecipou seu retorno a Brasília e cancelou a participação numa agenda que teria em Belém nesta segunda-feira (6).
A mudança de programação ocorre em meio ao processo instaurado pela direção nacional do União Brasil contra ele e à possibilidade de permanência de Sabino no governo.
Sabino participaria de um evento em Belém e desembarcaria na capital federal só no fim da tarde, mas o ministro está em despachos internos em seu gabinete em Brasília desde esta manhã.
Sabino tem até esta segunda para apresentar defesa no processo disciplinar que pode levar à expulsão do União Brasil, segundo o relator do caso, deputado Fabio Schiochet (União-SC).
O procedimento foi aberto no último dia 30 pela direção nacional da sigla e acusa Sabino de desrespeitar orientações partidárias, como ultimato da legenda para a entrega de cargos no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Dirigentes do União devem se reunir na manhã desta quarta-feira (8) para analisar o processo.
Até a última atualização dessa reportagem, Schiochet ainda não havia sido procurado ou recebido qualquer manifestação do ministro.
Fontes próximas a Sabino atribuem a volta antecipada dele a Brasília às tratativas para que ele permaneça no cargo. No momento, a expectativa é de que Sabino procure o presidente Lula novamente nesta semana e comunique a sua decisão de recuar do pedido de demissão entregue no fim do mês passado.
Ao longo da última semana, Sabino participou de compromissos com Lula em Belém e afirmou que apoiaria o petista, independentemente do cenário político. Sabino afirmou que "nada" o afastaria do petista.
Para membros do União Brasil, o anúncio e a atitude do ministro demonstram que ele não planeja seguir a ordem do partido. Em rota de colisão com o Planalto, a sigla decidiu que filiados teriam de deixar cargos na gestão Lula até o dia 19 de setembro. À época, o União Brasil afirmou que o descumprimento será considerado infidelidade partidária.
Aliados de Sabino já têm afirmado que, diante das sinalizações, ele deve atuar para permanecer no cargo. Auxiliares do ministro também afirmam que ele recebeu apoio de grande parte da bancada do União na Câmara para não sair do governo.
O ministro do Turismo resiste a deixar a pasta. Parlamentares próximos ao ministro têm dito que Sabino avalia a pasta como uma forma de se projetar para uma eventual candidatura ao Senado em 2026.
Expulsão depende de amplo apoio
O processo contra Sabino foi aberto após uma denúncia apresentada à direção da sigla em 29 de setembro. Correligionários argumentaram que ele desrespeitou o prazo determinado pela sigla.
No último dia 26, Celso Sabino chegou a anunciar que havia pedido demissão, indicando que atenderia à determinação partidária. Mas, após dez dias do comunicado, ele ainda não deixou o ministério. Sabino chegou a dizer que permaneceria no cargo até o fim da semana passada para acompanhar Lula em entregas para COP 30 no Pará, seu reduto eleitoral.
O relator do caso, deputado Fabio Schiochet (União-SC), afirmou que a expectativa é que os membros da cúpula do partido discutam, nesta quarta, a expulsão definitiva do ministro, e não apenas uma medida cautelar.
Um dos críticos da postura de Celso Sabino, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, defendeu ao g1 a expulsão do ministro.
Caiado sinalizou que, na quarta, o partido também pode analisar um outro processo para dissolver o escritório estadual do União Brasil no Pará, atualmente comandando por Sabino.
"A expulsão cumpre o rito regimental e será dado a ele os prazos previstos. Candidato sem partido é difícil", disse o governador, fazendo referência à articulação de Sabino para disputar uma vaga ao Senado.
Pelas regras internas do União Brasil, após a defesa, Schiochet apresentará um parecer que opinará pela expulsão ou absolvição de Celso Sabino. A tendência é que o deputado catarinense sugira a expulsão do ministro.
Se o relatório seguir este caminho, eventual penalização somente poderá ser aplicada pela direção nacional do União Brasil com o aval de três quintos dos membros.
Sabino já passou por situação semelhante em 2020, quando era filiado ao PSDB. O partido chegou a abrir um processo de expulsão, mas o ministro conseguiu se desfiliar com autorização da Justiça um ano depois.
Celso Sabino foi eleito deputado federal pelo União Brasil em 2022. Ele se afastou do mandato para exercer o cargo de ministro do Turismo, contando com as bênçãos da bancada da sigla na Câmara.
Pela jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), eventual expulsão não levará Sabino a perder o mandato de deputado federal. Se for expulso por decisão da cúpula do União Brasil, o ministro poderá se filiar a outra sigla.